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25 de abril de 2013

Retornar V


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                                                                                                               - Jessy Gregório

Naquele dia não voltei para o escritório e ele sabia muito bem o motivo. Me sentia mal, chorava sem parar, enrolada em meu velho edredom floral tentava encontrar uma maneira de me sentir confortada, mas nada era o bastante. Por um lado sabia que tinha feito a coisa certa, e por outro, sentia um irremediável sentimento de culpa, que me dizia: " Porque fez aquilo? Tudo poderia ser diferente agora". Mas sabe de uma coisa, não se pode parar o tempo e querer voltar e continuar a vida de onde parou, a vida não é um DVD, não se pode fugir dos problemas, nem pular as partes ruins. Por fim, eu fiz a coisa certa.
Em meio a angustias, resolvi sair a noite naquele friozinho de começo de tarde, para sei lá, andar e refletir. Sentei no banco da praça e olhei para as estrelas, de repente alguém apagou a luz delas.
- Ei, saia da minha frente, me deixe pelo menos admirar o céu... - e lágrimas corriam de meus olhos...
- Claro Senhorita, além de admirar o céu gostaria de fazer mais alguma coisa?
- Talvez...- Aquela voz me soava tão bem aos ouvidos- queria que tudo fosse diferente...

Um silêncio tomou conta de tudo, o homem se afastou, tirou o sobretudo que lhe cobria até o rosto e o jogou no chão. Caminhou por entre a trilha, até que não pude mais vê-lo e pensei, "quem se importa com os problemas alheios?". Voltei a admirar as estrelas...
E então....
"Love me tender,
Love me sweet,
Never let me go.
You have made my life complete,
And i love you so.

Love me tender,
Love me true,
All my dreams fulfilled.
For my darlin' i love you,
And i always will."

Uma doce melodia bem familiar me chamou a atenção  a música me trazia recordações boas e a voz era familiar.Olhei e me deparei com Julian, um buquê de flores, um balão escrito " I love you" e uma bela canção. Tentei dizer algo, talvez xinga-lo, mas ele apenas me pediu para ouvi-lo.

- Jane, Quando fui embora, fui até a sua casa e sua mãe disse que você não estava, e que se estivesse não queria me ver e que por favor lhe deixasse em paz. Eu queria dizer que eu estava disposto a desistir. Olhe - Ele abriu uma caixinha com um par de alianças, as mesmas que escolhemos aos 17 anos. - Eu comprei pra te dar naquele dia, mas sai com o pior do sentimentos do mundo. Me senti abandonado e entre as alianças e as passagens, decidi ir e te deixar em paz. Maldita a hora em que tomei essa decisão! - O choro começou a ser inconstante, seus olhos tinham um desespero profundo, que me doía. -  Jane, todo o Natal eu vinha ver a minha família, e de madrugada ficava em frente a sua casa, da janela eu podia ver seu rosto o seu sorriso, eu te amei todos esses anos, e embora eu não tenha pedido desculpas, agora eu peço, porque mais do que nunca, minha vida nunca teve sentido sem você. Vamos fazer tudo diferente?

Eu não consegui dizer nada, apenas chorei muito, me levantei e comecei a caminhar, de repente uma chuva começou a me lavar. Parei, respirei, olhei para as poucos estrelas que haviam e em menos de um segundo disparei em direção a Julian, que estava ajoelhado no chão afogado em lágrimas e chuva. Disse:
- Estupido!! - E lhe dei um tapa - EU TE AMO!! - sem mais nada para pensar o beijei, como nunca antes, com amor, com paixão, com raiva...

Porque quando é amor, tudo vale apena, não podemos mudar o passado, mas podemos começar de novo...Simplesmente RECOMEÇAR.



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