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8 de janeiro de 2013

Melancólico


                                                                              - Jessy Gregório

Levanta, senta-se, faz a volta em quadrado, anda de um lado para o outro sem saber aonde ir, na verdade mesmo que ande léguas e léguas, não chegará a lugar algum. Esbarra nas paredes, acomoda as costas nelas e desliza até o chão, senta-se, cobre o rosto com as mãos e sente uma vontade louca de chorar. Olha para os lados, deita no chão e desaba. Deseja profundamente que o chão te engula com voracidade. Mas isso não acontece, não é o exterior que dói, não é uma lesão que te faz chorar. É algo mais profundo, bem mais interno, mais pessoal.
Levanta de novo, olha-se no espelho, se olha nos olhos e chora de novo. Passeia pela casa, senta na cama, deita-se, vira pra lá, pra cá, olha pro teto, senta de novo. Liga a TV, muda de canal, uma, duas, três...nada. Levanta, vai pra fora, respira fundo, caminha, olha pro céu, outra lágrima derrama, é tanto silêncio que se ouve a lágrima se acabar no chão. É tanto silêncio que se ouve as batidas do coração, assim como os passos, assim como os soluços.
Um milhão de coisas passam pela cabeça, mas se fosse  algo útil eu não estaria alucinada. Parece que quanto mais se tem, mas vazio se está, como um buraco incessante que nunca tem fundo. Os erros serão lembrados eternamente, já os acertos, parecem deveres.
Sabe, eu não gosto de limpar o fundo do poço, toda vez que volto lá, ele está sujo e imundo, cheio de traças e perigos. Aquela luz melancólica que vez lá de cima, me dá sono e preguiça, me faz querer ficar lá. Por isso não gosto de limpa-lo, por mim ele ficaria fechado, e por que não inundado. Poderia jurar que as lágrimas que choro seriam suficientes para enche-lo. Me sinto como Alice, só que sem perspectivas de voltar. Por que a vida dos outros me parece melhor? Parece melhor ou é melhor? Acho que preciso respirar outros ares, essa vida anda me parecendo um tanto : MELANCÓLICA.


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