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6 de dezembro de 2012

As vezes dói


                                                                                                      -Jessy Gregório

As vezes me sinto como a ultima gota de orvalho, prestes a secar com a luz da manhã. Assim como a ultima gota que nada faz e nada muda, assim me sinto. É como se minha incessante presença nada alterasse o ciclo da vida. Algumas sensações me levam a pensar que sou um ser viajante, que não nasceu para permanecer nos corações alheios, apenas vim para ajuda los a sorrir e a vencer seus medos. Como uma promessa divina de apenas dar e receber de outra forma, que confesso, ainda não descobri como ganhar.
Sabe, não é muito legal se sentir um objeto, ou precisar se movimentar para ser notado, algumas pessoas fazem falta apenas por estarem caladas, eu queria ser assim. Embora consiga esboçar um sorriso por cada pessoa que considero amiga, ainda sim me sinto só e vazia.
As vezes dói abrir um álbum de fotos, de algum momento incrível, com todos os seus amigos. Passar todas as fotos, chegar ao final e retornar ao começo sem se encontrar nelas. Você sente um vazio e logo o sorriso que você carregava some. Então você lembra, que participou daquele momento, que riu com eles, fez piadas e partilhou daqueles momentos, mas não está nas fotos por algum motivo, que ainda não se pode entender. As vezes dói, perceber que os seres que você mais amava e considerava verdadeiros irmão, te trocarem ou priorizarem outras companhias. Você se torna a sombra da pessoa, e não mais está do lado dela, com o tempo você se afasta e prefere um mundo só seu. Você passa a observar as pessoas de longe, e quando elas soltam grandes gargalhadas, uma lágrima escorre no canto dos olhos, quase que imperceptível. Mas quando em desespero se encontram, sabem onde procurar ajuda, se refugiam em seu colo e lhe pedem conforto. Você não nega, faz de tudo até que um sorriso nasça em seus rostos. E assim que a tempestade passa, em outras companhias descobrem sorrisos de felicidade. As vezes dói, ficar em casa, confesso que férias não me agrada muito. Eu sei que por mais que eu queira e olhe várias vezes para o celular, ele não vai tocar, nenhuma mensagem vai chegar e ninguém vai lembrar de você. Que triste isso, mas é a realidade. As vezes dói, faltar na escola, não pelas lições que vai perder, mas pelas muitas fotos que foram tiradas e não existiriam se você tivesse ido. Dói também, quando você se dobre e redobra e se faz de forte para ajudar alguém e mesmo assim  a primeira coisa que ela publica na sua página do face é: " I'm alone". Que ironia, pensei que estava ajudando.
Algumas atitudes doem, não por que as pessoas fazem por que querem, mas por fazer sem querer. É nessas horas que elas agem em verdade.
Foi então que pude entender o motivo pelo qual na fúnebre noite me deito sobre meu leito, e as lágrimas molham tudo ao meu redor, tento não fazer nenhum barulho. Tenho medo que alguém descubra que na noite me faço fraca e que desabo como chuva. Rolo de um lado para o outro, tentando não pensar na vida, tentando não pensar nos problemas, tentando não pensar nas pessoas, apenas quero dormir. Levo as mãos a cabeça, como um ultimo gesto de dor e entre meu mais temido pesadelo, agarro com força a medalha de Nossa Senhora das Graças que carrego no peito, e a aperto com minhas ultimas forças. Pedindo a Deus, pela milésima vez, para me ajudar a seguir adiante e não me sentir vazia.
Eu juro que não faço pro mal, me sinto assim desde que me conheço por gente, sempre rejeitada de alguma forma. Entendo que a vida das pessoas me parece mais interessante quando não participo delas, e me dói muito saber que elas concordam com isso, mesmo assim, carrego a admirável alegria de saber que quando eu preciso posso procura-los.
Criança boba e estupida que eu sou as vezes, entrego o coração a milhares de mãos, sem saber o que realmente querem ou o que farão. Eu não digo "Amo Você", sem que eu queira, sem que eu realmente sinta, as vezes acho que atrapalho tanto, e me faço tão ausente que minha existência deixou de ser importante. 
É por isso que escrevo, porque a vida sempre vai parecer mais bonita, quando se usa palavras bem ditas e com um tom de poesia.
Lembrando que continuo amando incondicionalmente cada amigo, cada rosto, cada pessoa que cruzou a minha vida. Afinal eu necessito de cada um, para poder enriquecer minhas histórias, embora nem sempre necessitem de mim.


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