Pessoas...

                                                                                               - Jessy Gregório

Eu nunca vi o mundo dessa forma, quando eu era pequena, meu fantástico mundo, onde existia apenas eu, era bem mais agradável que hoje. Eu tenho medo das pessoas e do que elas vão pensar de mim, algumas são tão impiedosas que não se impostam com os outros. Palavras podem rasgar a fina folha de papel que cobre o coração e infecta-lo como veneno.
Eu nem sei de verdade como eu pude chegar a esse ponto, antes eu tivesse permanecido em minha residencia e sobrevivido friamente sem a luz do sol. Não que ela seja ruim, mas ela me lembra vida, e hoje em dia, viver sem saber, significa morte. Acho que deixei de entender as pessoas, apesar de elas serem o único motivo pelo qual eu escrevo e ainda observo pela janela, aos poucos fui desistindo de fazer parte da vida delas. De que adianta sorrir para alguém, se a desconfiança tomou conta de todos os corações, de que adianta ser gentil, sem que pense que queremos algo, de que adianta tentar fazer laços de amizade, se pode-se fazer colegas a cada meio segundo. De que adianta buscar o verdadeiro amor, se a verdade adormeceu. É tão fácil viver uma mentira, a ficção dentro da minha cabeça é bem mais interessante.
Eu só pareço forte, mas sei que sou fraca, preciso da aprovação alheia pra conseguir ir adiante, preciso de um sorriso diante de cada palavra, eu preciso de alguém. Mas creio eu, que no meio de toda essa confusão, eu prefiro ainda observar pela janela, geralmente quando se entra no 'mundinho' de alguém, somos obrigados a dar satisfações a ela. Todos nós somos egoístas, querendo ou não, primeiro pensamos em nós e depois nos outros. Eu nunca consegui ser assim, sempre preferi ver um belo sorriso estampado em outro rosto e a mim, debulhada em lágrimas, como se a culpa fosse minha de tanta desgraça. Ainda bem que me livrei desse fantasma, agora prefiro apenas observar, sem tomar partido, sem abrir mão do que é meu. As pessoas me rendem histórias, e essa pratica me dá vida. Hoje isso me basta.
Pessoas são seres tão misteriosos, escondem segredos tão profundos, que apenas quem decifra olhares pode buscar saber de algo. Algumas tem tanta aparência  mas são como os balões de festa, totalmente vazias. Outras são como livros velhos, de capa sem graça, mas com muito conteúdo. Algumas são previsíveis e outras imprevisíveis. Eu me denomino, quieta, meu exterior nada demonstra o que o turbilhão de pensamentos na minha cabeça dizem. As vezes tenho que dizer algumas coisas mas me falta coragem, me falta vontade de  tentar dizer, tentar fazer outra pessoa entender a minha opinião. Me falta ainda, entender outro ser, outra pessoa, outro coração. Sou mais observar e  escrever o que penso, é melhor registrar e permitir que outros leiam, assim economizo minha alto-estima, minha saliva e meu tempo.