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22 de novembro de 2012

Você me ama?

                                                                                            - Jessy Gregório

Era uma bela tarde de sábado e como de costume, lá estava eu, caminhando pelas ruas da cidade, rumo ao meu curso de inglês. A passos curtos, segui caminhando como de costume, eu bem que poderia descer no ponto bem em frente ao meu curso, mas sempre desço uns três pontos antes dele, afinal,  aquela sutil caminhada me agrada muito e me faz bem, aqueles pequenos quadrados, brancos e pretos, formam desenhos na minha mente e as vitrines me dão idéias de roupas, que tenho em mente que nunca poderei comprar, mas aprecia-las é de graça. Toda essa linda harmonia formam o meu doce passeio de sábado.
Mergulhada nesse universo fantasiado por mim, após alguns minutos caminhando em linha reta, meus ouvidos identificaram uma conversa, que fez todo o barulho da cidade sumir. Percebi que estava logo atrás um casal de adultos maduros, deveriam ter 50 anos bem vividos. A Senhora, uma mulher de estatura mediana, cabelos castanhos esbranquiçados , e estava com um vestido rosa e florido até os pés. O Senhor, um homem, grisalho, alto com uma camisa azul turquesa e calça e sapatos sociais, pessoas bem apessoadas. Mas não foi isso que me chamou a tenção e sim a conversa.
Em meio a risos e distrações, a Senhora olhou para o marido e disse:

- Você já se cansou de mim né velho?!

- Claro que não Velha! Da onde tirou isso? - E soltou um largo sorriso.

- Ahh! Já sim, você deve estar cansado da minha comida, do meu cheiro, da minha voz...

Ele pensou um pouco e logo voltou a falar:

- Velha, não tenho nada pra reclamar de você...eu sou muito feliz!

- Lembra de quando nos conhecemos? - disse ela.

- Claro!- disse ele com uma largo sorriso- Era o dia mais lindo  e claro que já vi! Lembro também de que passamos por esse mesmo lugar. Tudo era tão diferente. Eu lhe paguei um sorvete e ganhei um beijo no rosto. Nesse dia eu descobri que estava perdidamente apaixonado. - Nesse momento estávamos os três olhando pro nada, como se vicemos a cena bem na nossa frente.
De repente a Senhora tirou uma pergunta do bolso e jogou no meio de nossa visão.

-Você me ama?

O homem parou, como se a realidade caísse bem na sua frente. Então, tomou as mãos da esposa e disse:

- Eu Te Amo exatamente como a 30 anos atrás. Não! Exatamente não! É bem mais que antes, é bem maior que tudo! Nosso amor cresceu, multiplicou - se e transformou - se em pequenas sementes, aos quais chamamos de filhos. Nosso amor é como uma arvore, que nunca morre, apenas cresce, da frutos e suas sementes se transformam em outras arvores. Velha! Eu Te Amo mais que tudo, e até o tudo é pequeno diante do meu amor.

Eu admirava aquela cena pasmada, percebi que no canto dos olhos da Senhora, escorria uma singela lágrima. Toquei meu rosto e percebi que chorava também. Ela olhou para mim e disse:

- Veja filha, como são os homens. sempre nos fazem chorar, mas amamos eles mesmo assim.

O Senhor soltou um sorriso e disse:

- Veja como são as mulheres. Reclamam de tudo, mas sempre repetimos as mesmas frases e as amamos muito mais.

Eu sorri. O casal deu as mãos e continuou andando, atravessei a rua correndo, entrei no curso, procurei papel e caneta e escrevi. Afinal, não é todos os dias que a vida pára, pra lhe contar histórias...




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